sábado, 19 de setembro de 2009

Curso de Prevenção de Drogas

Bem, em plena atividade! O Curso que mencionei na postagem anterior é muito bom. Cria oportunidades para se aprender a detectar problemas com drogas no âmbito escolar e a ajudar alunos que porventura se encontrem em uma situação destas. Confesso que não imaginava o mal que as drogas fazem ao organismo humano, sejam elas quais forem.Olha só:


DROGAS: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS NO ORGANISMO
Sérgio Nicastri

O que é droga?

Droga, segundo a definição da Organização Mundial da Saúde, é qualquer substância não produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento.
Uma droga não é por si só boa ou má. Existem substâncias que são usadas com a finalidade de produzir efeitos benéficos, como o tratamento de doenças, e são consideradas medicamentos. Mas também existem substâncias que provocam malefícios à saúde, os venenos ou tóxicos. É interessante que a mesma substância pode funcionar como medicamento em algumas situações e como tóxico em outras.
Vamos discutir as principais drogas utilizadas para alterar o funcionamento cerebral, causando modificações no estado mental, no psiquismo. Por essa razão, são chamadas drogas psicotrópicas, conhecidas também como substâncias psicoativas.
Vale lembrar que nem todas as substâncias psicoativas têm a capacidade de provocar dependência. No entanto, há substâncias aparentemente inofensivas e presentes em muitos produtos de uso doméstico que têm esse poder.
A lista de substâncias na Classificação Internacional de Doenças, 10ª Revisão (CID-10), em seu capítulo V (Transtornos Mentais e de Comportamento) inclui:

• álcool;
• opióides (morfina, heroína, codeína, diversas substâncias sintéticas);
• canabinóides (maconha);
• sedativos ou hipnóticos (barbitúricos, benzodiazepínicos);
• cocaína;
• outros estimulantes (como anfetaminas e substâncias relacionadas à cafeína);
• alucinógenos;
• tabaco;
• solventes voláteis.

Classificação das drogas

Há diversas formas de classificar as drogas.
Existe uma classificação – de interesse didático – que se baseia nas ações aparentes das drogas sobre o Sistema Nervoso Central (SNC), conforme as modificações observáveis na atividade mental ou no comportamento da pessoa que utiliza a substância:
• drogas DEPRESSORAS da atividade mental;
• drogas ESTIMULANTES da atividade mental;
• drogas PERTURBADORAS da atividade mental.

Com base nessa classificação, vamos conhecer as principais drogas.

Drogas depressoras da atividade mental
Essa categoria inclui uma grande variedade de substâncias, que diferem acentuadamente em suas propriedades físicas e químicas, mas que apresentam a característica comum de causar uma diminuição da atividade global ou de certos sistemas específicos do SNC. Como conseqüência dessa ação, há uma tendência de ocorrer uma diminuição da atividade motora, da reatividade à dor e da ansiedade, e é comum um efeito euforizante inicial e, posteriormente, um aumento da sonolência.

• Álcool
O álcool etílico é um produto da fermentação de carboidratos (açúcares) presentes em vegetais.
Suas propriedades euforizantes e intoxicantes são conhecidas desde tempos pré-históricos e praticamente todas as culturas têm ou tiveram alguma experiência com sua utilização. É seguramente a droga psicotrópica de uso e abuso mais amplamente disseminados em grande número e diversidade de países na atualidade.
Classificação das Drogas do Ponto de Vista Legal

Drogas Lícitas
Drogas Ilícitas

• Existem as que podem ser livremente obtidas;
• Algumas estão submetidas a certas restrições. São alguns medicamentos que só podem ser adquiridos por meio de prescrição médica especial.
• Proibidas por lei.

A fermentação produz bebidas com concentração de álcool de até 10% (proporção do volume de álcool puro no total da bebida). São obtidas concentrações maiores por meio de destilação. Em doses baixas, é utilizado, sobretudo, por causa de sua ação euforizante e da capacidade de diminuir as inibições, o que facilita a interação social.
Há uma relação entre os efeitos do álcool e os níveis da substância no sangue, que variam em razão do tipo de bebida utilizada, da velocidade do consumo, da presença de alimentos no estômago e de possíveis alterações no metabolismo da droga por diversas situações – por exemplo, na insuficiência hepática, em que a degradação da substância é mais lenta.
O álcool induz tolerância (necessidade de quantidades progressivamente maiores da substância para se produzir o mesmo efeito desejado ou intoxicação) e síndrome de abstinência (sintomas desagradáveis que ocorrem com a redução ou com a interrupção do consumo da substância).

• Barbitúricos
Os barbitúricos são um grupo de substâncias sintetizadas artificialmente desde o começo do século XX, que possuem diversas propriedades em comum com o álcool e com outros tranqüilizantes (benzodiazepínicos).
Seu uso inicial foi dirigido ao tratamento da insônia, porém a dose para causar os efeitos terapêuticos desejáveis não é muito distante da dose tóxica ou letal. O sono produzido por essas drogas, assim como aquele provocado por todas as drogas indutoras de sono, é muito diferente do sono “natural” (fisiológico).
Níveis de Álcool no Sangue
Baixo
Médio
Alto
• Desinibição do comportamento:
• diminuição da crítica;
• hilariedade e labilidade afetiva (a pessoa ri ou chora por motivos pouco significativos);
• Certo grau de incoordenação motora;
• Prejuízo das funções sensoriais.
• Maior incoordenação motora (ataxia);
• A fala torna-se pastosa, há dificuldades de marcha e aumento importante do tempo de resposta (reflexos mais lentos);
• Aumento da sonolência, com prejuízo das capacidades de raciocínio e concentração.
• Podem surgir náuseas e vômitos;
• Visão dupla (diplopia);
• Acentuação da ataxia e da sonolência (até o coma);
• Pode ocorrer hipotermia e morte por parada respiratória.
Curso de prevenção do uso de drogas para educadores de escolas públicas
São efeitos de sua principal ação farmacológica:
• a diminuição da capacidade de raciocínio e concentração;
• a sensação de calma, relaxamento e sonolência;
• reflexos mais lentos.
Com doses um pouco maiores, a pessoa tem sintomas semelhantes à embriaguez, com lentidão nos movimentos, fala pastosa e dificuldade na marcha.
Doses tóxicas dos barbitúricos podem provocar:
• surgimento de sinais de incoordenação motora;
• acentuação significativa da sonolência, que pode chegar ao coma;
• morte por parada respiratória.
São drogas que causam tolerância (sobretudo quando o indivíduo utiliza doses altas desde o início) e síndrome de abstinência quando ocorre sua retirada, o que provoca insônia, irritação, agressividade, ansiedade e até convulsões.
Em geral, são utilizados na prática clínica para indução anestésica (tiopental) e como anticonvulsivantes (fenobarbital).

• Benzodiazepínicos

Esse grupo de substâncias começou a ser usado na Medicina durante os anos 60 e possui similaridades importantes com os barbitúricos em termos de ações farmacológicas, com a vantagem de oferecer uma maior margem de segurança, ou seja, a dose tóxica é muitas vezes maior que a dose terapêutica.
Atuam potencializando as ações do GABA (ácido gama-amino-butírico), o principal neurotransmissor inibitório do SNC.
Como conseqüência dessa ação, os benzodiazepínicos produzem:
• diminuição da ansiedade;
• indução do sono;
• relaxamento muscular;
• redução do estado de alerta.
Essas drogas dificultam ainda os processos de aprendizagem e memória, alteram também funções motoras prejudicando atividades como dirigir automóveis e outras que exijam reflexos rápidos.
As doses tóxicas dessas drogas são bastante altas, mas pode ocorrer intoxicação se houver uso concomitante de outros depressores da atividade mental, principalmente álcool ou barbitúricos. O quadro de intoxicação é muito semelhante ao causado por barbitúricos.
Neurotransmissor: substância liberada por célula nervosa, que transmite à outra célula, de nervo ou músculo, um impulso nervoso.


Existem centenas de compostos comerciais disponíveis, que diferem somente em relação à velocidade e duração total de sua ação. Alguns são mais bem utilizados clinicamente como indutores do sono, enquanto outros são empregados no controle da ansiedade ou para prevenir a convulsão.
Exemplos de benzodiazepínicos: diazepam, lorazepam, bromazepam, midazolam, flunitrazepam, clonazepam.

• Opióides

Grupo que inclui drogas “naturais”, derivadas da papoula do oriente (Papaver somniferum), sintéticas e semi-sintéticas, obtidas a partir de modificações químicas em substâncias naturais.
As drogas mais conhecidas desse grupo são a morfina, a heroína e a codeína, além de diversas substâncias totalmente sintetizadas em laboratório.
Sua ação decorre da capacidade de imitar o funcionamento de diversas substâncias naturalmente produzidas pelo organismo, como as endorfinas e as encefalinas.
Normalmente, são drogas depressoras da atividade mental, mas possuem ações mais específicas, como de analgesia e de inibição do reflexo da tosse.
Causam os seguintes efeitos:
• contração pupilar importante;
• diminuição da motilidade do trato gastrointestinal;
• efeito sedativo, que prejudica a capacidade de concentração;
• torpor e sonolência.
Os opióides deprimem o centro respiratório, provocando desde respiração mais lenta e superficial até parada respiratória, perda da consciência e morte.
São efeitos da abstinência:
• náuseas; • cólicas intestinais;
• lacrimejamento; • piloereção, com duração de até 12 dias;
• corrimento nasal; • câimbra;
• vômitos; • diarréia.

Uso clínico:

Os medicamentos à base de opióides são usados para controlar a tosse, a diarréia e como analgésicos potentes.
Exemplos de opióides: morfina, heroína, codeína, meperidina e propoxifeno.

• Solventes ou inalantes

Esse grupo de substâncias, entre os depressores, não possui nenhuma utilização clínica, com exceção do éter etílico e do clorofórmio, que já foram largamente empregados como anestésicos gerais.
Podem tanto ser inalados involuntariamente por trabalhadores como podem ser utilizados como drogas de abuso, por exemplo, a cola de sapateiro. Outros exemplos são o tolueno, o xilol, o n-hexano, o acetato de etila, o tricloroetileno, além dos já citados éter e clorofórmio, cuja mistura é chamada freqüentemente de “lança-perfume”, “cheirinho” ou “loló”.
Os efeitos têm início bastante rápido após a inalação, de segundos a minutos, e também têm curta duração, o que predispõe o usuário a inalações repetidas, com conseqüências às vezes desastrosas.
Efeitos observados:
O uso crônico dessas substâncias pode levar à destruição de neurônios causando danos irreversíveis ao cérebro, assim como lesões no fígado, rins, nervos periféricos e medula óssea.
Outro efeito ainda pouco esclarecido dessas substâncias (particularmente dos compostos halogenados, como o clorofórmio) é sua interação com a adrenalina, pois aumenta sua capacidade de causar arritmias cardíacas, o que pode provocar morte súbita.
Embora haja tolerância, até hoje não se tem uma descrição característica da síndrome de abstinência relacionada a esse grupo de substâncias.

Drogas estimulantes da atividade mental

São incluídas nesse grupo as drogas capazes de aumentar a atividade de determinados sistemas neuronais, o que traz como conseqüências um estado de alerta exagerado, insônia e aceleração dos processos psíquicos.
• Anfetaminas
São substâncias sintéticas. Muitas vezes, a denominação “anfetaminas” é utilizada para designar todo o grupo de drogas que apresentam ações semelhantes à anfetamina, a primeira
Primeira fase
Segunda fase
Terceira fase
Quarta fase
Euforia, com diminuição de inibição de comportamento.
Predomínio da depressão do SNC; o indivíduo torna-se confuso, desorientado.
Podem também ocorrer alucinações auditivas e visuais.
A depressão se aprofunda, com redução acentuada do estado de alerta. Incoordenação ocular e motora (marcha vacilante, fala pastosa, reflexos bastante diminuídos).
As alucinações tornam-se mais evidentes.
Depressão tardia. Ocorre inconsciência.
Pode haver convulsões, coma e morte.
Dessa forma, são exemplos de drogas “anfetamínicas”: o fenproporex, o metilfenidato, o manzidol, a metanfetamina e a dietilpropiona.
Seu mecanismo de ação é aumentar a liberação e prolongar o tempo de atuação de neurotransmissores utilizados pelo cérebro, a dopamina e a noradrenalina.
Efeitos do uso de anfetaminas:
• diminuição do sono e do apetite;
• sensação de maior energia e menor fadiga, mesmo quando realiza esforços excessivos, o que pode ser prejudicial;
• rapidez na fala;
• dilatação da pupila;
• taquicardia;
• elevação da pressão arterial.
Doses tóxicas
Com doses tóxicas, acentuam-se esses efeitos. O indivíduo tende a ficar mais irritável e agressivo e pode considerar-se vítima de perseguição inexistente (delírios persecutórios) e ter alucinações e convulsões.
Tolerância e abstinência
O consumo dessas drogas induz tolerância. Não se sabe com certeza se ocorre uma verdadeira síndrome de abstinência. São freqüentes os relatos de sintomas depressivos: falta de energia, desânimo, perda de motivação, que, por vezes, são bastante intensos quando há interrupção do uso dessas substâncias.
Uso clínico
Entre outros usos, destaca-se sua utilização como moderadores do apetite (remédios de regime).

• Cocaína

É uma substância extraída de uma planta existente na América do Sul, popularmente conhecida como coca (Erythroxylon coca).
Pode ser consumida na forma de pó (cloridrato de cocaína), aspirado ou dissolvido em água e injetado na corrente sanguínea, ou sob a forma de uma base, que é fumada, o crack. Existe ainda a pasta de coca, um produto menos purificado, que também pode ser fumado, conhecido como merla.
Curso de prevenção do uso de drogas para educadores de escolas públicas
Mecanismo de ação no SNC
Seu mecanismo de ação no SNC é muito semelhante ao das anfetaminas, mas a cocaína atua ainda sobre um terceiro neurotransmissor, a serotonina, além da noradrenalina e da dopamina.
A cocaína apresenta também propriedades de anestésico local que independem de sua atuação no cérebro. Essa era, no passado, uma das indicações de uso médico da substância, hoje obsoleta.
Seus efeitos têm início rápido e duração breve. No entanto, são mais intensos e fugazes quando a via de utilização é a intravenosa ou quando o indivíduo utiliza o crack.
Efeitos do uso da cocaína:
• sensação intensa de euforia e poder;
• estado de excitação;
• hiperatividade;
• insônia;
• falta de apetite;
• perda da sensação de cansaço.
Tolerância e abstinência
Apesar de não serem descritas tolerância nem síndrome de abstinência inequívoca, observa-se freqüentemente o aumento progressivo das doses consumidas.
Particularmente no caso do crack, os indivíduos desenvolvem dependência severa rapidamente, muitas vezes em poucos meses ou mesmo algumas semanas de uso.
Com doses maiores, observam-se outros efeitos como irritabilidade, agressividade e até delírios e alucinações, que caracterizam um verdadeiro estado psicótico, a psicose cocaínica. Também podem ser observados aumento da temperatura e convulsões, freqüentemente de difícil tratamento, que podem levar à morte se esses sintomas forem prolongados. Ocorrem ainda dilatação pupilar, elevação da pressão arterial e taquicardia (os efeitos podem levar até a parada cardíaca por fibrilação ventricular, uma das possíveis causas de morte por superdosagem).
Fator de risco de infarto e Acidente Vascular Cerebral - AVC
Mais recentemente e de modo cada vez mais freqüente, têm-se verificado alterações persistentes na circulação cerebral em indivíduos dependentes de cocaína. Existem evidências de que o uso de cocaína seja um fator de risco para o desenvolvimento de infartos do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais - AVCs em indivíduos relativamente jovens. Um processo de degeneração irreversível da musculatura (rabdomiólise) em usuários crônicos de cocaína também já foi descrito.

Drogas perturbadoras da atividade mental

Nesse grupo de drogas, classificamos diversas substâncias cujo efeito principal é provocar alterações no funcionamento cerebral, que resultam em vários fenômenos psíquicos anormais, entre os quais destacamos os delírios e as alucinações. Por esse motivo, essas drogas receberam a denominação alucinógenos.
Em linhas gerais, podemos definir alucinação como uma percepção sem objeto, ou seja, a pessoa vê, ouve ou sente algo que realmente não existe. Delírio, por sua vez, pode ser definido como um falso juízo da realidade, ou seja, o indivíduo passa a atribuir significados anormais aos eventos que ocorrem à sua volta, por exemplo, no caso do delírio persecutório, nota, em toda parte, indícios claros – embora irreais – de uma perseguição contra a sua pessoa.
Esse tipo de fenômeno ocorre de modo espontâneo em certas doenças mentais denominadas psicoses, razão pela qual essas drogas também são chamadas psicotomiméticos.

• Maconha

É o nome dado no Brasil à Cannabis sativa. Suas folhas e inflorescências secas podem ser fumadas ou ingeridas. Há também o haxixe, pasta semi-sólida obtida por meio de grande pressão nas inflorescências, preparação com maiores concentrações de THC (tetrahidrocanabinol), uma das diversas substâncias produzidas pela planta, principal responsável pelos seus efeitos psíquicos.
Há uma grande variação na quantidade de THC produzida pela planta conforme as condições de solo, clima e tempo decorrido entre a colheita e o uso, bem como na sensibilidade das pessoas à sua ação, o que explica a capacidade de a maconha produzir efeitos mais ou menos intensos.
Efeitos psíquicos
• Agudos
Esses efeitos podem ser descritos, em alguns casos, como uma sensação de bem-estar, acompanhada de calma e relaxamento, menos fadiga e hilaridade, enquanto, em outros casos, podem ser descritos como angústia, atordoamento, ansiedade e medo de perder o autocontrole, com tremores e sudorese.
Há uma perturbação na capacidade de calcular o tempo e o espaço, além de um prejuízo da memória e da atenção.
Com doses maiores ou conforme a sensibilidade individual, podem ocorrer perturbações mais evidentes do psiquismo, com predominância de delírios e alucinações.
• Crônicos
O uso continuado interfere na capacidade de aprendizado e memorização. Pode induzir um estado de diminuição da motivação, que pode chegar à síndrome amotivacional, ou seja, a pessoa não sente vontade de fazer mais nada, tudo parece ficar sem graça, perder a importância.
10 Curso de prevenção do uso de drogas para educadores de escolas públicas
Efeitos físicos
• Agudos
• hiperemia conjuntival (os olhos ficam avermelhados);
• diminuição da produção da saliva (sensação de secura na boca);
• taquicardia com a freqüência de 140 batimentos por minuto ou mais.
• Crônicos
• Problemas respiratórios são comuns, uma vez que a fumaça produzida pela maconha é muito irritante, além de conter alto teor de alcatrão (maior que no caso do tabaco) e nele existir uma substância chamada benzopireno, um conhecido agente cancerígeno.
• Ocorre ainda uma diminuição de até 50% a 60% na produção de testosterona dos homens, e pode haver infertilidade.
• Alucinógenos
Designação dada a diversas drogas que possuem a propriedade de provocar uma série de distorções do funcionamento normal do cérebro, que trazem como conseqüência uma variada gama de alterações psíquicas, entre as quais alucinações e delírios, sem que haja uma estimulação ou depressão da atividade cerebral.
• Alucinógenos propriamente ditos ou alucinógenos primários
São os alucinógenos capazes de produzir efeitos psíquicos em doses que praticamente não alteram outra função no organismo.
• Alucinógenos secundários como os anticolinérgicos
São capazes de induzir efeitos alucinógenos em doses que afetam de maneira importante diversas outras funções.
• Plantas com propriedades alucinógenas
Diversas plantas possuem propriedades alucinógenas como, por exemplo, alguns cogumelos (Psylocibe mexicana, que produz a psilocibina), a jurema (Mimosa hostilis) e outras plantas eventualmente utilizadas na forma de chás e beberagens alucinógenas.
Há também substâncias alucinógenas sintetizadas artificialmente, das quais a principal é a dietilamida do ácido lisérgico (LSD).

• LSD

É uma das substâncias mais potentes com ação psicotrópica que se conhece. As doses de 20 a 50 milionésimos de grama produzem efeitos com duração de 4 a 12 horas.
Seus efeitos dependem muito da sensibilidade da pessoa às ações da droga, de seu estado de espírito no momento da utilização e também do ambiente em que se deu a experiência.

Efeitos do uso de LSD:
• distorções perceptivas (cores, formas e contornos alterados);
• fusão de sentidos (por exemplo, a impressão de que os sons adquirem forma ou cor);
• perda da discriminação de tempo e espaço (minutos parecem horas ou metros assemelham-se a quilômetros);
• alucinações (visuais ou auditivas) podem ser vivenciadas como sensações agradáveis, mas também podem deixar o usuário extremamente amedrontado;
• estados de exaltação (coexistem com muita ansiedade, angústia e pânico e são relatados como boas ou más “viagens”).
Outra repercussão psíquica da ação do LSD sobre o cérebro são os delírios, ou seja, falsos juízos da realidade: há uma realidade, um fato qualquer, mas a pessoa delirante não é capaz de fazer avaliações corretas a seu respeito.
• Outros efeitos tóxicos
Há descrições de pessoas que experimentam sensações de ansiedade muito intensa, depressão e até quadros psicóticos por longos períodos após o consumo do LSD.
Uma variante desse efeito é o flashback, quando, após semanas ou meses depois de uma experiência com LSD, o indivíduo volta a apresentar repentinamente todos os efeitos psíquicos da experiência anterior, sem ter voltado a consumir a droga novamente, com conseqüências imprevisíveis, uma vez que tais efeitos não estavam sendo procurados ou esperados e podem surgir em ocasiões bastante impróprias.
Efeitos no resto do organismo:
• aceleração do pulso;
• dilatação da pupila;
• episódios de convulsão já foram relatados, mas são raros.
Delírios
Exemplos dos delírios
Delírios de grandiosidade
O indivíduo se julga com capacidades ou forças extraordinárias. Por exemplo, capacidade de atirar-se de janelas, acreditando que pode voar; de avançar mar adentro, crendo que pode caminhar sobre a água; de ficar parado em frente a um carro numa estrada, julgando ter força mental suficiente para pará-Io.
Delírios persecutórios
O indivíduo acredita ver à sua volta indícios de uma conspiração contra si e pode até agredir outras pessoas numa tentativa de defender-se da “perseguição”.

Tolerância e abstinência
O fenômeno da tolerância desenvolve-se muito rapidamente com o LSD, mas também há um desaparecimento rápido com a interrupção do uso da substância. Não há descrição de uma síndrome de abstinência se um usuário crônico deixa de consumir a substância, mas, ainda assim, pode ocorrer a dependência quando, por exemplo, as experiências com o LSD ou outras drogas perturbadoras do SNC são encaradas como “respostas aos problemas da vida” ou “formas de encontrar-se”, que fazem com que a pessoa tenha dificuldades em deixar de consumir a substância, freqüentemente ficando à deriva no dia-a-dia, sem destino ou objetivos que venham a enriquecer sua vida pessoal.
Importante
O Ministério da Saúde do Brasil não reconhece nenhum uso clínico dos alucinógenos, e sua produção, porte e comércio são proibidos no território nacional.
• Ecstasy (3,4-metileno-dioxi-metanfetamina ou MDM A)
É uma substância alucinógena que guarda relação química com as anfetaminas e apresenta também propriedades estimulantes. Seu uso é freqüentemente associado a certas subculturas, como alguns grupos de jovens freqüentadores de danceterias ou boates.
Há relatos de casos de morte por hipertermia maligna, em que a participação da droga não é completamente esclarecida. Possivelmente, a droga estimula a hiperatividade e aumenta a sensação de sede ou, talvez, induza um quadro tóxico específico.
Também existem suspeitas de que a substância seja tóxica para um grupo específico de neurônios produtores de serotonina.

• Anticolinérgicos

São substâncias provenientes de plantas ou sintetizadas em laboratório que têm a capacidade de bloquear as ações da acetilcolina, um neurotransmissor encontrado no SNC e no Sitema Nervoso Periférico (SNP).
Produzem efeitos sobre o psiquismo quando utilizadas em doses relativamente grandes e também provocam alterações de funcionamento em diversos sistemas biológicos, portanto são drogas pouco específicas.
Efeitos psíquicos
Causam alucinações e delírios. São comuns as descrições de pessoas intoxicadas em que elas se sentem perseguidas ou têm visões de pessoas ou animais. Esses sintomas dependem bastante da personalidade do indivíduo, assim como das circunstâncias ambientais em que ocorreu o consumo dessas substâncias.
Hipertermia maligna: aumento excessivo da temperatura corporal.

Os efeitos são, em geral, bastante intensos e podem durar até 2 a 3 dias.
Efeitos somáticos:
• dilatação da pupila;
• boca seca;
• aumento da freqüência cardíaca;
• diminuição da motilidade intestinal (até paralisia);
• dificuldades para urinar.
Em doses elevadas, podem produzir grande elevação da temperatura (até 40-41°C), com possibilidade de ocorrerem convulsões. Nessa situação, a pessoa apresenta-se com a pele muito quente e seca, com uma hiperemia principalmente localizada no rosto e no pescoço.
São exemplos de drogas desse grupo: algumas plantas, como certas espécies do gênero Datura, conhecidas como saia branca, trombeteira ou zabumba, que produzem atropina e escopolamina; e certos medicamentos, como o tri-hexafenidil, a diciclomina e o biperideno.
Outras drogas

• Tabaco

Um dos maiores problemas de saúde pública em diversos países do mundo, o cigarro é uma das mais importantes causas potencialmente evitáveis de doenças e morte.
Efeitos:
• doenças cardiovasculares (infarto, AVC e morte súbita);
• doenças respiratórias (enfisema, asma, bronquite crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica);
• diversas formas de câncer (pulmão, boca, faringe, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, rim, bexiga e útero).
Seus efeitos sobre as funções reprodutivas incluem redução da fertilidade, prejuízo do desenvolvimento fetal, aumento de riscos para gravidez ectópica e abortamento espontâneo.
Fumantes passivos
Existem evidências de que os não-fumantes expostos à fumaça de cigarro do ambiente (fumantes passivos) têm um risco maior com relação a várias das patologias que podem afetar os fumantes.
A nicotina é a substância presente no tabaco que provoca a dependência, mas não está associada a todos os problemas de saúde provocados pelo cigarro.
Gravidez ectópica:
gravidez extra-uterina, fora do útero.
Hiperemia:
congestão sangüínea em qualquer parte do corpo.
Embora esteja implicada nas doenças cardiocirculatórias, a nicotina não parece ser cancerígena.
Ações psíquicas da nicotina
São complexas, com uma mistura de efeitos estimulantes e depressores. Menciona-se o aumento da concentração e da atenção e a redução do apetite e da ansiedade.
Tolerância e abstinência
A nicotina induz tolerância e se associa a uma síndrome de abstinência com alterações do sono, irritabilidade, diminuição da concentração e ansiedade.

• Cafeína

É estimulante do SNC menos potente que a cocaína e as anfetaminas.
O seu potencial de induzir dependência vem sendo bastante discutido nos últimos anos. Surgiu até o termo cafeinísmo para designar uma síndrome clínica associada ao consumo importante (agudo ou crônico) de cafeína, caracterizada por ansiedade, alterações psicomotoras, distúrbios do sono e alterações do humor.

• Esteróides anabolizantes

Embora sejam descritos efeitos euforizantes por alguns usuários dessas substâncias, essa não é, geralmente, a principal razão de sua utilização.
Muitos indivíduos que consomem essas drogas são fisioculturistas, atletas de diversas modalidades ou indivíduos que procuram aumentar sua massa muscular e podem desenvolver um padrão de consumo que se assemelha ao de dependência.
Efeitos adversos:
• diversas doenças cardiovasculares;
• alterações no fígado, até câncer;
• alterações musculoesqueléticas indesejáveis (ruptura de tendões, interrupção precoce do crescimento).
Essas substâncias, quando utilizadas por mulheres, podem provocar masculinização (crescimento de pêlos pelo corpo, voz grave, aumento do volume do clitóris). Em homens, pode haver atrofia dos testículos.

Nenhum comentário: